quarta-feira, 19 de maio de 2010

Revista Veja X informação correta... é triste.

Transcrevo aqui a carta do prof. Lino de Macedo tratando sobre a matéria da Veja de 12 de maio com o título: Salto no Escuro.
Boa leitura e tire suas próprias conclusões.
Beto


São Paulo, 10 de maio de 2010.


Ao Senhor Diretor de Redação
VEJA
Caixa Postal 11079
CEP 05422-970
Fax: (11) 3037-5638
São Paulo, SP


Prezado Senhor


Como antigo assinante desta revista e estudioso do Construtivismo, segundo Piaget, venho lamentar a publicação, em 12 de maio, da matéria “Salto no escuro”, escrita pelo Senhor Marcelo Bortoloti. Três semanas atrás, esta mesma revista, já publicara matéria contra o Construtivismo, escrita pelo Senhor Cláudio Moura Castro.
O texto do Senhor Marcelo Bortoloti é superficial, tendencioso e mal orientado. É isto que a Veja entende por jornalismo científico? Como posso continuar assinando esta revista e sustentar minha confiança em suas matérias, sobretudo naquelas em que me sinto ignorante, se - a respeito do que venho estudando desde 1968 -, o que observo é algo totalmente sem respeito?
Indico abaixo os pontos de minha divergência como Senhor Botoloti:
1. Não há dogmas no construtivismo;
2. O construtivismo se caracteriza pela visão de enfrentamento (via realização ou compreensão) de problemas que requerem conclusão; se errada, o desafio é aprender com os erros:
3. Culpar os professores que se dizem construtivistas e não compreendem o que significa, para dai concluir que o construtivismo é responsável pelo fracasso da educação brasileira é simplificador e torpe, próprio de quem escreve sobre aquilo que não entende e, pior que isto, escreve com a motivação de confundir e “desconstruir”;
4. O quadro “A desconstrução do construtivismo”, em que este autor compara “pedagogia tradicional” X “construtivismo”, é de uma banalidade e falta de informação que causa dó e desrespeito em alguém minimamente informado sobre o assunto.
5. Meu pressuposto, pautado no excelente trabalho da Editora Abril, com a Revista Nova Escola e outros projetos educacionais, era que ela valorizava e somava forças com esta imensa tarefa de defender uma escola para todos, apesar das dificuldades deste projeto. Com a publicação deste artigo e do anterior percebo que a Veja é contra esta idéia, sendo favorável ao “melhor da escola tradicional”, com sua visão determinista, favorável à seleção dos mais aptos, o que exclui a maioria de nossa população de crianças e jovens. Que pena!
6. Culpabilizar, enfim, professores e gestores por suas dificuldades em aplicar idéias construtivistas, no Brasil, é injusto, superficial e tendencioso, pois não considera a complexidade de se aplicar princípios teóricos e epistemológicos à prática pedagógica; ignora, também, o muito que se tem feito e conseguido, apesar de tudo. Além disto, minimiza, vulgariza e desengana todos aqueles que, apesar da complexidade desta imensa tarefa, não desistem e aceitam o desafio de uma escola para todas as crianças e jovens.




Concluo informando que vou cancelar minha assinatura desta revista, porque perdi o respeito e a confiança que tinha por ela.
Atenciosamente


Lino de Macedo
Professor Titular do Instituto de Psicologia, USP.

E, se vc pensa que isso é novidade... veja isto:

Quero registrar a minha indignação frente à reportagem da Revista VEJA de 20/08/2008, especialmente no que diz respeito aos comentários sobre o Professor Paulo Freire.
As repórteres demonstram muito mais que desinformação; contraditoriamente, defendem a neutralidade da educação porém, evidenciam, nessa matéria, posições políticas em relação ao ensino, comprovando que a neutralidade da educação é um mito, como afirmou o professor Paulo Freire, há mais de três décadas.
É importante registrar que Paulo Freire é reconhecido, mundialmente , como um dos maiores educadores do século XX, por ser autor de uma pedagogia crítica a favor dos oprimidos. Toda a sua vida e obra são marcadas pela defesa da ética universal do ser humano. Escreve Freire, em Pedagogia da Autonomia (1996)... ler mais >>>